FATOS POLICIAIS

sábado, 19 de setembro de 2015

RICARDO VIEIRA DO COUTO

O baiano Ricardo Vieira do Couto que, ao lado do mossoroense Jeremias da Rocha Nogueira e do português José Damião de Souza Melo, formou a tríade de iniciação do jornalismo em Mossoró.
               Filho de Severino Nassário do Couto e Ana Josefa do Couto nasceu na cidade de Salvador, em 1828. Em 29 de setembro de 1883 casou-se com Teresa Delmira de Jesus, que era natural de Touros, no Rio Grande do Norte.
               Homem de temperamento moderado, calmo, sereno e firme nas opiniões, usava seus escritos para contrabalançar as ideias daqueles dois companheiros de textos demolidores: Jeremias e José Damião. Apesar disso, era tão crítico quanto aqueles. Liberal de princípios; “valente censor do convencionalismo das sociedades em liquidação". Satírico golpeador das frases ridículas, com rimas glosadas com humor impecável.
               Em 1883, quando a cidade se une em prol da libertação dos escravos, encontramos Ricardo Vieira do Couto como abolicionista sócio da Libertadora Mossoroense.
Na sessão memorável do dia 30 de setembro, Joaquim Bezerra da Costa Mendes solicitou ao Administrador da Mesa de Rendas, que outro não era senão Ricardo Vieira do Couto, que declarasse se ainda havia escravos no município de Mossoró. O administrador levantou-se e disse que certificava à vista dos livros de matrícula que todos os negros da terra de Souza Machado eram livres.
               O jornal O Mossoroense foi criado por Jeremias da Rocha Nogueira a fim de servir de trincheira aos liberais, logo após as eleições municipais de 7 de setembro de 1872 para a escolha de vereadores e juiz de paz. Aconteceu que, usando o seu poder político, o padre Antônio Joaquim, líder dos conservadores, detentores de todos os cargos públicos da cidade, levou as urnas para apurá-las de uma forma escusa, dentro da igreja, onde colocou capangas armados de porretes e punhais na entrada, para barrar o acesso de qualquer liberal. Coincidentemente, para os cargos disputados, só correligionários do padre foram eleitos.
               O jornal surgiu trazendo em seu frontispício indícios de sua linha editorial: "Semanário, Político, Comercial, Noticioso e Antijesuítico". Os textos ali publicados refletiam o pensamento liberal e o temperamento forte do seu fundador. E todos os editoriais publicados semanalmente nesta 1ª fase do jornal que foi até 1876, tinham como alvo o Partido Conservador, e principalmente o padre Antônio Joaquim. Jeremias contou, para tanto, com a colaboração de José Damião de Souza Melo e Ricardo Vieira do Couto. No dizer do historiador Raimundo Nonato, Jeremias da Rocha Nogueira "era um homem impulsivo, sempre pronto para enfrentar uma situação adversa que se criava envolvendo sua pessoa, sem medir consequências e sem avaliar a extensão do perigo. José Damião de Souza Melo era um homem de decisões violentas, fulgurante inteligência e coragem de um herói guerreiro dos tempos pré-históricos. E Ricardo Vieira do Couto era o poder moderado colocado entre aquelas duas bombas de explosão retardada".
               Ainda nas palavras do mestre Raimundo Nonato, O Mossoroense era "um jornal do povo, sentinela da liberdade e porta-voz das inquietações da coletividade, das multidões tumultuadas, dirigido por um idealista, um panfletário atrevido e violento, uma figura do admirável jornalista desfilando nos limites da província, portador das ideias liberais que engolfavam o século".
               Ricardo Vieira do Couto faleceu em 1885. Na edição do jornal "O Mossoroense" de 28 de janeiro de 1904, a matéria da capa é sobre o nobre jornalista, que o jornal trata como "filósofo, pensador e observador profundo dos homens e das coisas".


Texto extraído do Blog do Gemaia 

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